Na atuação de Luciana Lyra, o solo de Medeia é uma das cinco peças curtas que tomam parte do espetáculo Um Berço de Pedra, com dramaturgia de Newton Moreno e direção de William Pereira. Nessa releitura de Eurípedes, a personagem-título é uma presidiária transmutada em arquétipo da brasileira excluída, condenada por infanticídio e confrontada com a tragédia da maternidade. Trazer a tona o mito de Medeia é desvelar simbolicamente a transição do matriarcado para o patriarcado e as lutas pelo poder entre a ordem antiga bárbara, sábia e selvagem, regida por forças femininas e a renovada ordem do falocentrismo em ascensão.