ALCÂNTARA, Lúcio Gonçalo de. As fronteiras do homem-político que tem para vida o projeto de ser, serenamente, inclusive humano. Revista Entrevista, Fortaleza, n. 27, p. 96-117, abr. 2012. Entrevista concedida a Igor Gadelha, João Victor Melo Sales, Juliana Diógenes, Mariana Freire, Nayana Siebra, Pedro Vasconcelos, Raiana Soraia de Carvalho, Raíssa Bastos Camara, Ranniery Melo e Roberta Tavares. Embora não perceba, o ser demasiado humano tem a mania de vestir-se durante a vida, com armaduras de todos os gostos. Acaba, em profusão, modelando a si mesmo sob inúmeras camadas, tornando os sentimentos primeiros inacessíveis e profundos. Daí que teime em manter sempre mesma postura e semelhante discurso. Até que lhe cheguem, sem aviso, com arma afiada, que transpasse o elmo e revele o rubor da face. O desfecho esperado, por dizer preferível, é que o vórtice da heterogenia resulte na síntese de um homem de muitas dimensões. E são vários os sentidos que caracterizam Lúcio Gonçalo de Alcântara: ser-político por genealogia, e homem-político por paixão. Quando criança, construiu-se da combinação entre a tranquilidade da cidade e do sítio e a convivência com a palavra-discurso, multiplicada em metáfora pelo alto-falante improvisado. Nos primeiros vocábulos do jovem orador, o peso de uma tradição política secular, quer de pai e mãe, quer de avô e bisavô, quer de antepassados distantes de quem nem se tem lembrança. De nada adiantaria, no entanto, se a vocação partidária não se traduzisse em projeto de vida. [...]