DUARTE, Antônio Isaías Paiva. O espírito retirante de um contador de histórias que coleciona pedras nos bolsos. Revista Entrevista, Fortaleza, n. 27, p. 32-53, abr. 2012. Entrevista concedida a Igor Gadelha, João Victor Melo Sales, Juliana Diógenes, Mariana Freire, Nayana Siebra, Pedro Vasconcelos, Raiana Soraia de Carvalho, Raíssa Bastos Camara, Ranniery Melo e Roberta Tavares. Era uma vez um contador de histórias. Desses que narram casos da vida real; desses que são protagonistas dos próprios causos. Do tipo cuja base de inspiração são os obstáculos da trajetória pessoal. Todo bom contador de histórias caminha de mãos dadas com o dom da oralidade. Tacitamente, arma estratégias para mergulhar na mente do público, e dele prender a atenção. A julgar pela impaciência com que se expressa, Antônio Isaías Paiva Duarte é o tipo de contador de histórias que parece não ter tempo a perder. Aspalavrassaematropeladas. Quase não são pronunciadas com a articulação devida. As frases... Ele interrompe. Vem, vai, volta, esquece como começou a contar, emenda com o que o pensamento acelerado quer traduzir em verbo. Numa contação de histórias pragmática, em sala de aula, a dicção imprecisa de Isaías como narrador teria tudo para dar errado, poderiam pensar os pedagogos e professores. Mas ele desconhece técnicas discursivas e ensinamentos categóricos: nunca pisou numa escola. Aprendeu a ler e escrever "com o mundo", define. [...]