Resumo: As doenças zoonóticas representam 75% das doenças infecciosas emergentes em todo o mundo, e seu surgimento é atribuído principalmente a mudanças na paisagem provocadas pelo homem. A mudança no uso da terra, especialmente a conversão de áreas naturais para uso agrícola, tem o potencial de afetar a dinâmica de hospedeiros e vetores, afetando o risco de transmissão de patógenos. Embora essas relações estejam se tornando cada vez mais compreendidas, poucos estudos investigaram a questão oposta—como a restauração da vegetação nativa afeta os surtos de doenças zoonóticas.Nesse estudo revisamos quais evidências existem que relacionam a restauração da vegetação nativa com o risco de transmissão de zoonoses, identificamos lacunas de conhecimento e, focando em áreas tropicais, propusemos estratégias de restauração florestal que poderiam ajudar a limitar a disseminação de doenças zoonóticas.Identificamos uma grande lacuna de informações sobre os efeitos da restauração da vegetação nativa em doenças zoonóticas, especialmente em regiões tropicais. Além disso, os poucos estudos existentes não consideram aspectos da paisagem que podem afetar os resultados da restauração sobre o risco de doenças, como o histórico de uso do solo e as características estruturais da paisagem (como composição e configuração de habitats nativos). Nossa estrutura conceitual levanta dois pontos importantes: (1) os efeitos da restauração florestal podem depender do contexto da paisagem existente, especialmente da porcentagem de vegetação nativa existente no início da restauração; (2) esses efeitos também dependerão da disposição espacial da área restaurada dentro da paisagem existente. Além disso, propomos tópicos importantes a serem estudados nos próximos anos para integrar o risco de doenças zoonóticas como um critério no planejamento da restauração.Síntese e aplicação. Nossos resultados contribuem para um planejamento de restauração florestal mais abrangente, incluindo vários serviços ecossistêmicos e resultando em paisagens mais saudáveis para as pessoas e a natureza. Nossa estrutura pode ser integrada às metas da estrutura global de biodiversidade pós‐2020. [ABSTRACT FROM AUTHOR]