Resumo: A competição por recursos alimentares dentro do grupo pode ser um grande custo da vida social. Na natureza, os forrageadores são confrontados com desafios sociais (e.g. posição hierárquica) e ecológicos (e.g. disponibilidade e distribuição de alimentos) que afetam suas decisões de forrageio e seu sucesso alimentar. Exibir comportamentos pró‐sociais, como tolerância em sítios de alimentação, pode beneficiar os membros do grupo, desenvolvendo relações sociais afiliativas, melhorando o acesso aos recursos e maximizando sua aptidão evolutiva.Examinamos a tolerância social de um primata com reprodução cooperativa (Callithrix jacchus) em sítios de alimentação. Investigamos a influência de um conjunto de fatores sociais (hierarquia, idade, sexo) e ecológicos (disponibilidade de alimento) na estrutura e dinâmica das redes de associação de forrageio dentro do grupo social.Planejamos e conduzimos um experimento de campo com quatro grupos de saguis‐comuns de vida livre, no qual controlamos a distribuição (concentrada e dispersa) e a produtividade de alimento (altas, médias ou baixas recompensas). Usamos análise de redes sociais para avaliar o número e a força das associações de forrageio entre os membros do grupo, seu efeito no consumo individual de alimento, e se experiências recentes de forrageio entre coespecíficos afetam associações subsequentes.Em geral, as redes de associação de forrageio dos saguis foram coesas e os membros de cada grupo ocuparam sítios de alimentação em conjunto. O número e a força das associações variaram dependendo do contexto ecológico. As associações foram mais fortes durante as condições em que o alimento se encontrava concentrado em um sítio. Os indivíduos obtiveram maior acesso aos recursos quando compartilharam o sítio de alimentação com coespecíficos, e uma vez que o item alimentar era obtido, o forrageador o consumia em uma árvore próxima, longe dos outros. Além disso, a força das associações recentes e os níveis subsequentes de tolerância social em sítios de alimentação foram positivamente relacionados, compatível com a capacidade de memorizar associações ao longo do tempo e relembrá‐las em tomadas de decisão futuras.Em conclusão, os saguis ajustaram suas escolhas de parceiros e a força das associações de forrageio em resposta à disponibilidade de alimento. Eles exibiram uma maior tolerância social em sítios de alimentação durante as condições em que se esperava que as oportunidades de competição direta fossem maiores. Estes primatas com reprodução cooperativa parecem se beneficiar mutuamente ao manterem relações afiliativas coesas e fortes, as quais aumentam as oportunidades para comportamentos coordenados e a sobrevivência da prole. [ABSTRACT FROM AUTHOR]