Introdução: A diversidade cultural coloca exigências acrescidas no atendimento a populações multiculturais, pelo que o desenvolvimento de competências culturais por parte dos profissionais de ajuda é, atualmente, uma preocupação ao nível das práticas institucionais. Material e Métodos: Este estudo avaliou a perceção sobre competência cultural dos profissionais de ajuda de três áreas distintas: serviços de saúde, serviços sociais e órgãos de polícia criminal. Através de um questionário online analisámos a perceção sobre a competência cultural, avaliada em quatro dimensões: consciência cultural, conhecimento cultural, aptidões técnicas, apoio organizacional. Os 610 participantes eram maioritariamente do sexo feminino (58%), com média de idade de 39,74 anos, desenvolvia atividade na área social (37%), da saúde (33%) ou nas polícias (30%). Resultados: Os profissionais revelaram, em geral, uma perceção positiva da sua competência cultural. Aqueles que beneficiaram mais experiências formativas sobre o tema e possuíam mais tempo de serviço percecionaram-se, de forma significativa, como mais competentes culturalmente. Foram encontradas diferenças significativas entre os profissionais das diferentes áreas: os profissionais de saúde percecionavam-se como mais eficazes ao nível das aptidões técnicas, os profissionais da área social ao nível do conhecimento cultural e os polícias ao nível da consciência cultural. Os profissionais de saúde foram os que revelaram uma menor perceção no que respeita ao apoio organizacional. Discussão: Apesar da perceção positiva que os técnicos têm acerca da sua consciência e conhecimento sobre os valores, normas e costumes das comunidades imigrantes com as quais trabalham, percecionam a sua aptidão técnica como menos positiva, mostrando dificuldade na aplicação prática desses conhecimentos. Conclusão: A competência cultural tem implicações para uma boa prática profissional no atendimento de populações multiculturais, sendo urgente investir no desenvolvimento de intervenções culturalmente competentes, de forma a garantir atuações mais eficazes nomeadamente nos hospitais e nos centros de saúde.