Introdução: O aumento da expectativa de vida, decorrente do desenvolvimento socioeconômico e avanços na medicina, tem levado ao rápido envelhecimento populacional em todo o mundo. O impacto desse processo sobre a saúde é observado no aumento de doenças crônico-degenerativas incluindo a demência, cuja principal etiologia é a Doença de Alzheimer (DA), uma alteração neurodegenerativa primária, progressiva e irreversível, que leva ao declínio cognitivo e funcional. Os principais marcadores fisiopatológicos são as placas amiloides extracelulares e os emaranhados neurofibrilares intracelulares que causam neurodegeneração. Estudos têm evidenciado a importância de alterações vasculares no estabelecimento da fisiopatologia, sendo que o exame de Imagem por Ressonância Magnética (IRM) do encéfalo pode fornecer dados relacionados tanto ao fluxo sanguíneo cerebral (FSC) quanto ao volume encefálico, podendo se tornar um importante biomarcador ao evidenciar alterações em fases precoces da DA, como na fase prodrômica de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), permitindo melhor esclarecimento da fisiopatologia e estudo de novas terapias modificadoras da doença. Objetivo: Visto que a atrofia encefálica é um importante biomarcador de neurodegeneração na DA, o presente estudo foi realizado a fim de verificar a correlação entre atrofia e FSC nos pacientes com diagnóstico de CCL e DDA fase leve, com o objetivo de evidenciar se as alterações no FSC podem ser consideradas possíveis biomarcadores vasculares no diagnóstico do continnun da DA. Materiais e Métodos: Foram avaliados 42 idosos acima de 60 anos, sendo 11 voluntários saudáveis, 16 com diagnóstico de CCL e 15 com diagnóstico de DDA fase leve. Todos foram submetidos a avaliação neuropsicológica para alocação no grupo correto. Posteriormente foram adquiridas imagens do encéfalo em equipamento de Ressonância Magnética de 3 Teslas para obtenção de dados qualitativos (Medial Temporal Atrophy - MTA, Entorhinal Cortex Atrophy - ERICA, Posterior Cortical Atrophy - PCA e Fazekas) e quantitativos (volume dos hipocampos, Índice de Assimetria dos hipocampos, volume das substâncias branca e cinzenta, volume do fluido cerebroespinhal), incluindo FSC medido por meio de Arterial Spin Labeling (ASL). Resultados: Com relação aos dados qualitativos, quando comparado o grupo CCL com o controle, observou-se diferença com relação a MTA esquerdo (OR 9,63; p=0,02), MTA direito (OR 6,14; p=0,04), ERICA esquerdo (OR 9,09; p=0,04) e Fazekas (OR 6,92; p=0,04). Com relação aos dados quantitativos, quando comparado o grupo controle com DDA fase leve, observou-se diferença com relação a volume de substância branca (diferença estimada de 82442mm3; IC 1035,99 - 163848,00; p=0,04). Quando comparado o grupo CCL com o controle, observou-se redução no FSC normalizado nas seguintes regiões: cingulado posterior esquerdo (diferença estimada de -0,38; p=0,02), cingulado posterior direito (diferença estimada de -0,45; p=0,02) e precuneo direito (diferença estimada de -0,28; p