Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, 2011. A International Association for the Study of Pain define a dor como tuna experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal dano. Nos termos desses conceitos, não apenas componentes físicos e químicos envolvidos na experiência dolorosa devem ser considerados, mas. também, aspectos subjetivos e psicossociais são cruciais à sua compreensão, Por variáveis psicossociais. são compreendidas as variáveis de cunho psicológico e social e caracterizadas pela abordagem das crenças e motivações que levam os indivíduos a desenvolverem certas atitudes que podem gerar, ou não. determinados comportamentos, Este estudo teve por objetivo sistematizar o conhecimento científico a respeito do fenômeno doloroso através da análise do comportamento relacionai existente entre a experiência dolorosa e as variáveis psicossociais mais comumente descritas na literatura dos anos de 2007. 2008 e 2009. em 50 pacientes internados, em contexto de cuidados pós-operatórios na Unidade de Clínicas Cirúrgicas do Hospital Universitário de Brasília. Os 14 artigos encontrados na revisão de literatura explicitaram três variáveis psicossociais. a saber: (a) Auto-eiicácia: (b) Enfrenta mento: e (c) Histórico Psicopatológico. Realizou-se. então tuna pesquisa quali-quantitativa correlacionai com um delineamento observacional direto de caráter seccional transversal, e para sua consecução foram utilizados como instrumentos de avaliação da dor e das variáveis psicossociais o instrumento de caracterização sociodemográfica dos participantes, o Short-form McGill Pain Questionnaii'e (SF-MPQ), Pain Self-Efficacy Questionnaire (PSEQ). Escala Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP) e Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD). Os resultados foram obtidos através de análise descritiva por meio de métodos tabulares de sumarização de dados e técnica de analise de clusters e sugerem que variações na experiência dolorosa de pacientes cirúrgicos podem ser explicadas por diferenças nas variáveis sociodemográficas sexo/gênero, vinculação religiosa, escolaridade, renda e especialidade cirúrgica e nas variáveis psicossociais auto-eficácia. enfrentamento e histórico psicopatológico. Observou-se que associação positiva entre dor e garantia de renda e associações negativas entre a dor e as variáveis escolaridade e a prescrição medicamentosa, esta última não surtindo impacto na dimensão afetiva da dor. A variável vinculação religiosa associou-se. também, através de conelacão estatisticamente significativa entre a dimensão sensorial da dor e o enfrentamento focalizado na busca por práticas religiosas (r = 0.46 e p-value < 0.05). Além disso, a experiência dolorosa relacionou-se á especialidade cirúrgica e homens e mulheres apresentaram diferenças tanto na experiência dolorosa global, quanto em suas dimensões distintas, Foram formados três clusters de desempenho psicossocial que apresentaram associação á experiência dolorosa. destacando-se o cluster de desempenho relativo mediano, que sugeriu a influência protetiva da variável suporte social. A partir das evidências encontradas, fazem-se algumas sugestões: (a) necessidade de sistematizaçào e melhor compreensão da associação encontrada entre a dor e a vinculação religiosa, renda e escolaridade: (b) necessidade de práticas religiosas (r = 0.46 e p-value