Este artigo propõe trabalhar e relação complexa entre as literaturas africanas em línguas europeias e a análise pormenorizada da construção do registro da história em Nação Crioula de Agualusa e em Pelourinho de Monénembo. Problematizar-se-á a conceção idealizada do termo lusofonia, onde o triângulo atlântico se caracteriza mediante identidades fluidas e espaços híbridos, para argumentar que, em contrapartida, nos dois romances, as fronteiras se quebram, mas também se reinscrevem. Ao explorar certos atos informais de maneiras de inscrever a memória sem recorrer à escrita -- estes dois romances levantam perguntas sobre a relação entre o ato de enunciar e o processo de escrever, bem como sobre a forma de construção do registo da história. Ao indagar comparativamente as obras de Agualusa e Monénembo, podemos demostrar alguns pontos de conexão entre os dois textos, ambos os quais transpõem as fronteiras intra- e intercontinentais. Tal análise comparativa permite novas perceções dos textos, que não são evidentes quando os textos se analisam mediante uma perspetiva canônica lusófona ou francófona. [ABSTRACT FROM AUTHOR]